O projeto para esta residência, localizada na Serra da Mantiqueira, irá acolher um casal e, eventualmente, seus filhos, netos e amigos. A casa nasce então de dois pontos principais: o desejo de preservar a mata local e o de valorizar as vistas potenciais para os morros e vales da região. 

A implantação acontece no platô central do terreno onde, ocupando apenas parte do perímetro deste, foi possível a criação de uma "clareira" entre a construção e a mata de altitude lindeira. É nessa "clareira" onde aqueles que chegam a pé para uma visita são recebidos: um espaço aberto para encontros, reuniões e conversas em volta da fogueira, à sombra das araucárias. 

A residência se organiza em dois pavimentos: o inferior prima por um ambiente mais intimista, enquadrando as árvores que permanecem no entorno imediato da casa; enquanto o pavimento superior busca o horizonte, mirando o Vale à sudoeste e os Morros à noroeste. Merece destaque o Ipê-amarelo, árvore que articula os ambientes da sala e cozinha no térreo, recepcionando moradores e visitantes logo ao adentrarem na casa, sob o pé-direito duplo da sala de jantar. 

A edificação, portanto, se desenvolve ora mirando, ora abraçando a paisagem que a circunda. Paisagem esta que também sofre intervenção e ressignificado, através do resgate e valorização das espécies nativas, ao se inserir maciços de arbustos e forrações que qualificam o espaço, ao mesmo tempo em que servem de alimento para a fauna local, tão reconhecida pela rica biodiversidade. ​Por fim, são implantados de maneira estratégica pequenos estares e um mirante, que reforçam a idéia central daqueles que visitam este lugar: a busca pela reconexão com a natureza, da qual fazemos parte e, por vezes, nos esquecemos.